“Zé: Moço,
eu vim só pagar uma promessa. A Santa me conhece, não precisava trazer carteira
de identidade. ”
A natureza
e caráter dos personagens na peça podem ser disputados pelos leitores. No caso
do Zé-do-Burro, pode ser dito que a morte dele foi sua própria culpa. Pode ser
dito que foi a culpa dos guardas e secretas que não o ajudaram. Mas independentemente
de qualquer coisa, esta declaração simples do Zé mostra um esforço do autor em
tocar o coração do leitor.
Em sua
confrontação com as autoridades, Zé mostra uma natureza ingênua que contrasta
fortemente com o sarcasmo e cinismo deles. Primeiramente, observa-se a maneira
em que ele chama o delegado de “Moço”, como se fosse um amigo, conhecido, ou
vizinho amigável. Em seguido é sua declaração de proposito: “eu vim só pagar
uma promessa. ” Ele fala como se uma explicação resolveria tudo. Obviamente ele
não entendia a natureza de burocracia. Por fim, sua declaração religiosa mostra
uma confiança na fé do delegado – uma confiança que, olhando para trás, ele não
deveria ter tido.
A maneira
que ele é tratado pelas autoridades deixa a cena mais aguda. Rudeza e outras
formas de mal tratamento sempre tocam mais os corações de outras pessoas quando
são respondidas com inocência. O fato do Zé ser morto logo depois deixa os
acontecimentos mais trágicos ainda nos olhos do leitor.
A lição
real aqui, na verdade, é difícil perceber. O fato é que há várias lições que
podem ser aprendidas aqui. A própria natureza de teatro e outras formas de
literatura deixa o leitor aprender o que quer aprender. Uma lição que eu
aprendi é: nunca carregue uma cruz até uma igreja para salvar um burro.
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